Já estava decidido eu ia excluir. Excluir todos esses textos, velhos , encardidos, débeis e primitivos.
Era isso, rasgar páginas amarelas, e começar pelo começo daquilo que eu deixei de ser para ser o que futuramente espero ser...

Para desencargo, reli os textos, pobres textos, meus eu sei, me vi agora com óculos redondos,grossos igual tampa de garrafa, vinte quilos do lado esquerdo e vinte do direito. Um chá light do lado, vários livros empilhados e empoeirados. Velha mesmo, mas no bom e no mal sentido. Lendo desdenhando, cuspindo nas páginas que pariu. Orgulho? Ah que belezinha de rima, tão, tão fácil e barata. Mas eu nunca quis vender. Que importa? Quem se importa. Eu devia ter apagado tudo quando tive oportunidade.

das outras vezes também tive o mesmo problema. Não consigo, já não sou mais apenas o que fui,mas continuo sendo . Por isso não é fácil rasgar papéis, ainda mais papéis carregados, pesados, carimbados.
Sei que falo no sentido figurado, mas se fosse de outro jeito acharia chato. Acho que foi o Rubem Braga que disse que a melhor coisa é escrever quando não se tem assunto nenhum. Como agora, nenhum assunto eu tenho, igual quando dois amigos falam, falam, terminam rindo e paira aquele silêncio que não constrange porque é bem vindo.

  Agora mesmo não tenho mais nada pra falar, mas me sinto numa quase obrigação, ou melhor uma       necessidade pessoal de terminar falando sobre algum assunto por menos relevante que seja, não quero dormir sem dizer, o quanto eu queria ser feita
                                                                                    de plástico bolha, pronto é isso.

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