Música Frustada




Queria que minha poesia tivesse uns acordes.
Queria que um piano tocasse ao fundo, soltando as palavras
Um acordeon para fazer zig-zag com as pernas
Uma guitarra para fazer a solidão menos só
Uma batida de tambores para ecoar os sentimentos, e acompanhar o tun-tun do coração

Um baixo para a cabeça balançar, dedos tamborilando .
Queria um refrão bem fácil e bonito.
Um sentimento bem antigo renovado


Queria que minha poesia fosse harmônica como música
Que os sons não tivessem nome, mas sentidos
Queria escrever em ritmos, valsinhas, sambas, melodias.
Fazer os outros chorarem, lembrarem, se revoltarem.

Mas não sou música.
Apenas escrevo versos que queriam ser refrões
Rimas que queriam ser melódicas
Palavras que queriam ser acordes.

Ana Julia Carvalheiro

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